CADA UM POR SI. Respeito as liberdades individuais. Por isso também
me sinto no direito de fazer algumas observações.
Ontem no Twitter vi uma prostituta (com milhões de seguidores)
anunciando que ia tirar a virgindade de um mocinho.
O assunto estava em primeiro lugar durante a
madrugada. (Entrei porque vi o nome que era o mesmo de uma grande marca.
Imaginei qual o porquê de tal marca estar em primeiro naquela hora? E deu
nisso.)
Pelo que eu
entendi com as falas dela, o pai levaria o filho pra ter a sua primeira noite.
O Twitter
em polvorosa. “A fulana vai acabar com ele”. “Essa eu quero ver” e outras
bobagens.
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Sociedade do Espetáculo
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E assim aconteceu.
Chegou um
homem (não dava pra ver as cabeças) com jaqueta de aviador com um moleque
magrelo com camiseta do Black Sabbath e ela até brincou “Você é roqueiro?” e o homem
foi embora.
Ela já
estava com trajes mínimos cheios de transparência. Tipo uma colegial.
Enfim.
Tudo
transmitido ao vivo. Vendo rapidamente o tal perfil vi carros importados, hotéis
de luxo e tudo que envolve uma vida assim ou das tais “sugar babies”.
O tal
garoto deu um maço cheio de notas de R$100,00 pra ela e daí vi uma fala dela
sem o garoto ver (mas que verá depois) “O pai é muito gostoso. Mas nem me
olhou. E olhem como eu estou.”
(Quem sabe
o pai não volta? Tem maluco pra tudo. Pra se comparar com o filho. Ou até já
transou com ela. Vai saber.)
Enfim. O
último vídeo era do rapaz massageando os pés dela numa banheira. E ela escreveu
algo como “ele é bonzinho”; e antes ela havia dito que ele nem tem Instagram e
que não gosta das redes.
E foi isso.
Vendo isso
minha mente começou a trabalhar, a ligar alguns pontos e a fazer alguns
questionamentos...
Primeiramente
posso dizer que entendi o sucesso de artistas como uma tal de Cardi B que tem
uma das letras mais baixas que eu já vi e ainda assim ganhou o título de
personalidade do ano por causa do empoderamento e muito blá blá blá.
Trechos de
uma “letra”.
“...Se ele
tem dinheiro, então é ele quem eu quero
Buceta sem
limites igual o cartão dele...
...Eu cuspi
no microfone dele e agora ele está querendo assinar um contrato comigo...
Tem umas
vadias nesta casa”
Quando li
não entendi como faz sucesso e tudo mais... mas não tenho idade pra entender o
que está acontecendo com a indústria do entretenimento (digo entretenimento
porque nem considero isso música... isso e muitas outras coisas com batida
eletrônica, vozes distorcidas e clima soturno).
Do nada vemos
uma Anitta ter ibope por um vídeo onde exibe uma bunda com celulite de um corpo
que obviamente não é o seu.
“Tenho o
corpo perfeito (para os padrões), mas vendo (de vender) que tudo bem ser como
cada um é e a galera me aclama sem sequer questionar se o corpo é meu ou não.”
A Cardi B
meio que fala de prostituição e todos acham sensacionais por causa que ela faz
o que ela quer. Legal.
Dezenas (ou
centenas) de milhares de moças vivem de pequenos serviços sexuais mas não como
prostitutas, como “sugar baby”. O que nada mais é do que uma maneira suave de
definir prostituta.
Puta de um
cara só ou de alguns. Mas puta.
Isso
(talvez inspirado por ver centenas de “influencers” milionárias) leva à
pergunta: qual a influência dessa glamourização exacerbada da vida de
prostituição, sugar baby ou piriguete que vive atrás de lancha e “champa”?
Qual é o
impacto cultural e social disso?
Quantas
meninas desejarão seguir esse caminho porque acham tudo muito lindo pelo que é
passado por essa gente?
(VOU DEIXAR
CLARO AQUI DE NOVO: CADA UM COM A SUA VIDA. SEJA FELIZ.
E EU SIGO
DIVAGANDO. TENHO ESSE DIREITO.)
Falarei um
pouco mais sobre a moça, mas nem é o ponto principal nesse texto.
Sei lá.
Antes ouvíamos as histórias das moças que se prostituíam pra pagar a faculdade.
Hoje vejo
isso tomando proporções descabidas.
Já vi o que
isso faz.
Vi uma
jovem com bons ideais políticos e mente forte ceder ao luxo e à
futilidade.
Hoje, ao
que tudo indica, é acompanhante de luxo.
Vi outra
que tinha asco desse mundo.
Aos poucos
foi cedendo e hoje também vive pra isso.
Virou uma
pessoa meio que amarga.
Apesar das
fotos felizes e sensuais em lugares paradisíacos.
(Tudo isso
tem relação com o fato de dono de puteiro famoso brigar e muito contra o
crescimento cultural e econômico do país.
Menos
educação, mais renda concentrada, menos oportunidades, mais moças dispostas a
se prostituir.)
Enfim.
Dá pra
viver assim e ser feliz? Talvez. Não sei.
Podemos ser
felizes em inúmeras situações.
Tudo depende
da bússola que nos guia e do que temos no íntimo.
O corpo (E
O DINHEIRO), mais do que nunca, é absurdamente valorizado na sociedade atual.
(Por mais que finjam que não)
Ao se declararem empoderadas, tiram a roupa pra
mostrar que podem. Muitas vezes com corpos fora do padrão, na imensa maioria
com corpos esculturais que geram likes e uma receita financeira que beira o
irreal.
A cantora
Pitty causou frisson na internet ao postar uma foto nua. Com corpo sensacional
(para o velhos padrões que ainda é o padrão... por mais que finjam que não.
Amam ver uma dançarina com obesidade quase mórbida mas se masturbam mesmo,
homens e mulheres, com a bunda da cantora Pitty ou da Iza).
Talvez
ganhe mais com o Instagram, patrocínios e convites pra apresentar programas de
TV, do que fazendo música.
Ela é
livre. Que lucre.
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Ninguém merece ser só mais um bonitinho!?
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(Antes havia a Playboy. A VIP.
Sempre houve
a nudez, sempre houve a prostituição.
Mas agora
tudo é meio embaralhado, meio que mascarado. Playboy era feio, gerava
negociações infinitas com a personalidade a ser clicada... hoje há a foto da
nudez porque ela pode... sim. Pode e ganha muito. Assim como as modelos da
Playboy.)
Fiquei meio
chocado ao ver a quantidade de pessoas apoiando a profissional que defloraria o
rapaz.
Virou
circo.
Claro que
ela pode viver bem e fazer o que bem entender. Talvez seja melhor assim do que ser
uma prostituta explorada num bordel do interior.
Está no
inferno, abrace o diabo.
Antes
tivemos a Bruna Surfistinha... com seu blog onde dava notas e comentava. Talvez
se houvesse a tecnologia também faria as coisas meio ao vivo. Vai saber?
O final foi
lastimável. (Se bem que depois faturou com o livro e filme... mas nada apagará
as desgraças nas profundezas da mente... sem contar o racha familiar... se acha
que ela tem esse direito, eu te respeito. Porém pense se você acharia normal
sua filha ter vivido a vida dela. Cuidado com a compreensão da vida alheia.)
Não podemos
ignorar que o inconsciente coletivo se constrói aos poucos.
A CIA
bancava filmes e obras artísticas. Nada é por acaso.
Falando do
que realmente me chamou atenção nessa situação toda: o garoto.
O menino
levado pra virar um homem de verdade. Um macho.
Repito:
nada mudou na sociedade.
Vivemos um
momento de leve abertura e com isso veio uma avalanche de hipocrisia que começa
a ser desmascarada com vídeos como esse.
Nunca
gostei de puteiro. Nunca mesmo. Acho degradante. Clima imundo.
Sempre vi
como bizarra a obrigação dos meninos de transar a qualquer custo. Isso criou
uma geração de ansiosos, de perturbados.
A vida
inteira perguntam o porquê do homem ser um lixo e jamais pensaram nas
obrigações que cobram dos rapazes.
“Tem que
ganhar dinheiro.”
“Tem que
arrancar cabaço.”
“Não comeu,
outro vai comer.”
“Tem pau
pequeno.”
E por aí
vai.
Do nada
estamos voltando a sei lá qual época.
Acho a sexualidade
uma coisa muito importante pra ser bestializada dessa maneira com o pai levando
o filho pra um espetáculo bisonho.
Talvez o
moleque tenha gozado várias vezes. A primeira com poucas “bombadas” (como todo
adolescente).
Talvez tenha
ficado tenso e nem tenha transado.
Talvez seja
gay e combinou com a prostituta pra que ela conte uma mentira. Vai saber?
Muitos
poderão dizer “Eu queria que meu pai me levasse na zona”. Beleza. É a sua
visão.
O que vejo
é um adolescente tímido sendo forçado a algo. Não romantizo essas coisas.
(Se o
Rodolfo dos “Raimundos” cantava 🎵🎵🎵Foi num puteiro em João Pessoa, descobri
que a vida é boa, foi minha primeira vez🎵🎵🎵, ELE falou de um situação que TALVEZ ele viveu.
Com os
primos fazendo a vez do tal pai.
Mas normal
ele nunca foi. Ficou claro pelos muitos excessos, pelo rompimento com a banda e
com a busca quase que desesperada por uma vida religiosa.
Quase que
uma busca por uma dignidade perdida.)
Voltando ao
tal garoto.
Talvez
cresça entendendo que sexo se compra.
Que mulher
tem um preço.
Que se
quiser “novinha” no camarote e na lancha tem que trabalhar/explorar muito. Como
o pai.
Que tem
mulher pra casar e mulher pra transar.
E daí volta
o ciclo do macho provedor, da mulher bibelô e da família fake dos anos 60.
Com a
diferença de que agora não só ganhar dinheiro, pra ser esse macho que despreza
as mulheres, é valorizado.
Ser a
prostituta, de luxo, também é.
Sei
lá.
Antes eu
via as pessoas admirando artistas e personalidades que inspiravam coisas mais
excelentes.
Que faziam
você questionar as coisas.
Que te
davam força pra você não se conformar.
Hoje vejo
um sistema bem azeitado pra voltarmos a sermos o que éramos.
Mas de uma
maneira muito pior. Glamourizando prostituição e pai que leva o filho pra
“meter”.
Bruce
Dickinson questionava esse mundo de ostentação na faixa-título do seu primeiro
álbum solo:
🎵🎵🎵Meninos tatuados com brinquedos caros
Vivendo em
uma bolha de pecado
Dinheiro
pode comprar quase qualquer coisa...
...Guarda-costas,
estrelas pornô, cartões de crédito dourados
Um usando o
outro. Correndo pela capa.
Você e
todas as suas companhias
Para mim
você são todos iguais
Você e
todas as suas companhias
Jogando
jogos tolos
Eu não
quero sua grande cidade brilhando
Eu não
quero o seu “lado positivo da coisa”
Eu não
quero ser um milionário tatuado 🎶🎶🎶
(Tattooed Millionaire / 1990)
A imposição
de músicas (talvez o sertanejo ostentação e o funk por aqui e o RAP e POP
ostentação fora, com bundas imensas e artificiais) onde só se cultua sexo,
dinheiro, camarotes, carros e afins, abriu o caminho pra tudo que vemos hoje
com relativa naturalidade.
Quando vejo
jovens ouvindo músicas com mais do que isso, pensando em algo além de
ostentação, sonhando com um futuro melhor e vivendo sua sexualidade de maneira
sadia (nota: não há nenhum puritanismo aqui. Apenas não vou relativizar pagar
pra ter sexo como algo sadio. PONTO.) penso que ainda temos esperança.
Afinal não
posso acreditar que tanta luta tenha sido apenas pra que uma mulher tenha o
direito de exercer sua prostituição e ostentação com deboche nas redes sociais.
E que
garotos ainda sejam tratados assim no tocantes às suas virgindades.
Um dia
pesquisarão o impacto dessas bobagens em toda a cultura do estupro, do
machismo, do ódio aos pais e às mulheres.
Ou não.
Porque aparentemente tudo que querem é manter o sistemão.
Uma nota:
recentemente houve uma mini-polêmica entre o baixista do Black Sabbath e a tal
Cardi B porque ele falou sobre a letra dela que citei.
A galera
não quis nem saber: ACABOU com o cara. Chamaram de velhote. De ultrapassado. De
sem sucesso.
Bom, ele
era da banda que escreveu “War Pigs”.
Ao ver o
garoto lá com a camisa do Black Sabbath e a prostituta celebrada e festejada,
pensei que naquele momento a Cardi B venceu. Pelo menos por hora.
Podem me
chamar de nostálgico, dinossauro, recalcado, MAS NÃO É POR ACASO QUE O ROCK E
ARTE FORAM TÃO DESIDRATADOS NOS ÚLTIMOS TEMPOS.
(Talvez não
por acaso ele estava com a camiseta do “Heaven and Hell”... o primeiro com o
Dio. Nesse álbum temos “Lady Evil”: DAMA DO MAL.)
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Acaso!? |
Cabe a ele escolher... heaven or hell.
Haverá uma
vida.
Tudo pode
ser reaprendido. Podemos evoluir.
Jovens,
pais, sociedade.
A única
coisa que fica na minha cabeça é a música que abre o “Pet Your Friends” do
Dishwalla (que não por acaso não obteve um sucesso estrondoso... porem
J.R.Richards aparenta ter uma vida bem pacata e feliz com sua esposa...):
🎵🎵🎵Tudo sobre o mundo é sexo
E é uma
mensagem da cultura popular
Dizendo a
todos os nossos filhos como fazer certo
E por toda
a inocência deles você pode se perguntar por quê?
Por que a
necessidade?
Por que a
necessidade de erotizar nossos crianças?
Oh nossos
lindos bebês
Como eles
estão prontos
Oh nossos
lindos bebês
Oh como
eles não estão prontos
Descendo a
rua, bela
Existe tensão,
para uma criança popular
E não fica
muito pior do que isso
Em pequenas
camas em quartos pequenos
São as
coisas perdidas, são as colheres de prata
Por que a
necessidade?
Você não
consegue ver todo o dano que isso está causando?
Oh nossos lindos
bebês
Oh como
eles estão prontos
Oh nossos
lindos bebês
Oh como
eles não estão prontos
E te
incomoda vê-la embrulhada?
Por que a
necessidade?
E por que a
necessidade de erotizar nossos filhos?
Oh nossos
lindos bebês” 🎵🎵🎵
(Pretty
Babies)
J.R.Richards
e seus antigos companheiros viam lá em 1995 o que hoje está escancarado e
defendido por grande parte da sociedade.
Esse texto
possui inúmeros “talvez” porque nada sei. Apenas penso e faço paralelos e
concatenações da minha parca visão de mundo.
Jamais
ousaria dizer a alguém como viver. Jamais.
CADA UM
POR SI.
Respeito as liberdades individuais. Por isso também me senti no direito de
fazer algumas observações.
Abraço e que Deus nos abençoe... saúde e paz.
Rafael.