sábado, 18 de agosto de 2012

Vergonha do Brasil nas Olimpíadas!?

integração entre os povos com uma competição?


Esses dias estava de bobeira pelo facebook e vi um post de um conhecido dizendo que tinha vergonha de ver o Brasil atrás de certos países no quadro de medalhas. Respondi que não há vergonha nenhuma nisso.

Cada país tem suas tradições em alguns esportes (como os africanos nas maratonas). E alguns esportes dão muito mais medalhas que outros. Natação, atletismo e ginástica dão muitas medalhas. O mesmo atleta pode ganhar 8 ouros (Phelps em Pequim) ou 3 ouros (Bolt em Pequim e Londres). Diferente dos esportes coletivos ou com uma categoria fixa como o boxe ou judô. Perdeu, acabou.

Se o país quer ser um potência olímpica deve investir nos esportes que dão várias medalhas. Mas isso só serve pro quadro de medalhas.

Duvido que qualquer argentino trocasse os 2 ouros de 2004 (no futebol e no basquete) por outros 10 ouros em esportes "desconhecidos". Ou que ficaram com vergonha de ter ficado atrás de qualquer nação com tradição na natação ou atletismo.

Analisar dessa maneira o quadro de medalhas não define o desenvolvimento ou não de um país. Alguns querem ser potências olímpicas (resto daquela propaganda da guerra fria), outros querem ter uma nação digna. Se der pra somar os 2 tudo bem.
Ou vira uma China, que quando identifica um talento isola e treina por 10 anos. Viu a história da saltadora que ficou 1 ano sem saber da morte da avó pra não atrapalhar os treinos? Ela levou o ouro. Mas que ouro é esse!? Ouro de um país que executa as pessoas num estádio... um ouro bem desbotado.

Vejamos países que ficaram atrás do Brasil no quadro de medalhas: Dinamarca, Canadá, Suíça, Noruega e Suécia. São alguns dos países com maior IDH do mundo. A tradição (ou falta dela) em alguns esportes não tem nada a ver com isso. Esses países tem que sentir vergonha por terem ficado atrás do Brasil no quadro de medalhas? Esporte como política pública pro bem estar de uma nação é uma coisa, focar em medalhas é outra. São coisas distintas.

Existem projetos e prioridades. O Brasil investiu R$2bi no último ciclo olímpico. Chegamos em várias finais e estreamos em várias modalidades. O pódio é uma consequencia. Uma soma do investimento com o talento do atleta.
E quem sabe o Brasil ache os seus Bolt e Phelps.

Mas não podemos esquecer que um ouro não simboliza um país. O ouro do Rodrigo Pessoa em 2004 (nascido em outro país, mal fala português e num esporte de milionário) representou o Brasil em alguma coisa? Ou foi bom só pra ele e pro quadro de medalhas?
O que a perda do ouro por essa geração do futebol, que se recusou a usar a réplica da camisa de 58 (alegaram que pesava demais... Garrincha e Pelé nem ligaram na época) no amistoso Brasil x Suécia, representou pra nós? Perdemos alguma coisa? Ou eles que perderam (se é que um dia tiveram) o sentimento de estar "representando um país"? Cada um quer mais é engordar a conta bancária e conseguir mais contratos de publicidade.

Atletas não representam países, mas a si mesmos. Criou-se o conceito de disputa entre países para gerar, no público, interesse pelo evento.
Historicamente, as Olimpíadas foram usadas para acirrar a guerra fria e como propaganda política dos países.

O quadro de medalhas resume o paradoxo das Olimpíadas: pregar integração entre os povos através de uma competição entre eles.

Saúde, educação, moradia, liberdade de expressão, segurança, oportunidades iguais pra todos e incentivo... é isso que uma nação desenvolvida tem buscar. E aí quem sabe, uma medalha.

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