terça-feira, 4 de setembro de 2012

Eleitores de São Paulo podem literalmente enfiar o voto no cu

Já tivemos Tiririca fazendo suas micagens na campanha pra deputado: me lembro de quando vi o humorista fantasiado pela 1a vez no horário político. Fiquei estarrecido! Tiririca na tela: “O que faz um deputado federal?” e na sequencia ele mesmo respondia “na realidade, eu não sei. Mas vote em mim que eu te conto”.

Surreal.

Me lembro de uma em que tinha o Papai Noel (aparecia com a fantasia, barba e tudo! número 1919) em Sorocaba agora pra vereador temos o Frangão (com máscara!) e o Rei Momo.

E aí? Vai enfiar o voto no cu!?

Agora bunda!?

A Mulher Pera pediu voto mostrando a bunda no twitter dela. Alguns poderão invocar a liberdade de expressão. O twitter é dela, mas não deixa de ser campanha. Não conheço a fundo a legislação eleitoral mas certas coisas passam do limite... não tenho falso moralismo, a bunda é dela e ela faz o que quiser com as suas nádegas. E é fã dela (ou da bunda) quem quer... (ela tem mais de 50.000 seguidores no twitter). 

Mas campanha envolve um cargo público (bancado pelo nosso trabalho e dinheiro) que irá representar a sociedade e acho que faltam regras e leis pra coibir certas coisas. É difícil separar a celebridade (no caso dela sub-celebridade)/artista/esportista da pessoa física, do candidato, mas acho necessário. Com essa mistura há uma banalização de algo que por mais que seja criticado e questionado é importante e uma das maneiras do povo expressar sua opinião: o processo eleitoral. 
Anônimo com personagem (como o tal Papai Noel) deviam ser proibidos.

Olha o texto publicado junto com a imagem: "sou guerreira, funkeira, e mulher de marketing. Assim sendo, fiz essa foto apenas para chamar a atenção e marcar o meu número sem a ideia de me vulgarizar”. 
Por outro lado, a candidata prometeu, na mesma postagem, mostrar seu “piercing íntimo”, caso seja eleita.

Pede voto mostrando um close do rabo com o número da sua campanha, promete mostrar piercing e não quer se vulgarizar!? Está vulgarizando não só a si mesma, mas também as eleições.

Acho que ela ou o Tiririca (não quero demonizar o humorista, uso como exemplo pelo sucesso da tática usada pelo PR... a música: melodia de Florentina com outra letra, a caracterização, o deboche... e o número principal: 2222) só poderiam pedir voto num traje "normal" e sem palhaçadas e referências. 

"Olá gente! Sou o Francisco Everardo, você me conhece como Tiririca". Ou "sou a Suelem Aline, você me conhece como a Mulher Pêra". E aí o candidato/a falaria de propostas.

Se mesmo assim o eleitor quisesse dar o seu "voto de protesto" (uma estupidez na minha opinião) ou só por ter simpatia pela pessoa que está ali, tudo bem. A liberdade e a responsabilidade é do eleitor. 

Mas em muitos casos acredito que esse voto tem relação direta com o absurdo que a pessoa vê na campanha. Alguns partidos bancam essas ideias, os aventureiros se candidatam, os marqueteiros pensam em tolices e afrontas e jogam na tv, o TSE finge que não vê e o eleitor pensa: "é isso!? Então que se foda!". E vota. O adolescente vê uma bunda e vota. 

A imagem que gerou esse texto talvez sintetize o que é uma campanha política no formato atual: um cu... de onde sai muita merda.