quinta-feira, 21 de maio de 2015

Cosmos

Terminei, há algumas semanas, de assistir "Cosmos" com o Neil deGrasse Tyson e produção do Seth MacFarlane e da Ann Druyan (viúva do próprio Sagan, e produtora e criadora com ele da 1ª série nos anos 80. Dessa eu tenho vagas lembranças...).
Muito legal, muito interessante. 

Algumas considerações:

• reforçou a minha certeza da nossa pequenez
• mostrou que sempre quem está a frente do seu tempo sofre perseguições, calúnias e deboche dos limitados. Sempre foi assim e por hora ainda será. Giordano Bruno que o diga.
• imaginação e boa vontade muitas vezes valem mais do que conhecimento técnico
• quando há boa vontade as coisas acontecem. Fracassos passados viram soluções para o futuro. Fracassos não abateram muitos dos que no final mudaram a breve história da humanidade. Até salvando a nossa espécie.
• meu conceito de Deus e universo ficou ainda mais plural e abrangente

Achei muito interessante a proposição de dividir o tempo da criação de tudo em um ano. 13.800.000.000 de anos sintetizados em um ano.
Segundo essa linha de raciocínio um segundo cósmico tem 437,595129 anos. Pro infinito nossa vida é nada.

13.800.000.000 de anos em um

Claro que nem por isso desvalorizo a vida humana. Pro Cosmos e pro universo somos nada.
Mas somos tudo ao pensarmos em quanta luta, evolução e quantos acontecimentos pra que estivéssemos aqui e agora.

Vamos viver bem e deixar algum (mesmo que pequenino) legado. Fazendo algo de bom nesses 2 décimos de segundo cósmico que estaremos aqui.
Cuidando dos nossos iguais, dos animais e da Terra.

Qual o sentido do ódio? Da guerra? Da ganância? Viverão "bem" por uns anos, terão seus luxos e acabarão como todos. O universo nem notará.

Talvez uns ETs pudessem ensinar algo pra muitos... de vez em quando penso nos ETs olhando com carinho as nossas duas Voyagers vagando pelo espaço. Após ter extraído o conteúdo (com alguma tecnologia avançada e só por curiosidade, já que estão por perto há muito tempo) os ETs devem ter pensado: “que maluquinhos... mandam um disco falando deles mas sem fotos deles nus...”.

Desenho da Voyager

(Após ter recebido críticas sobre a nudez das figuras humanas no disco de ouro presente nas sondas, a NASA impediu que Sagan e sua equipe incluíssem entre as fotografias uma imagem com um homem e uma mulher nus. Em vez disso, apenas a silhueta de um casal foi gravada... imagine a luta dos cientistas pra vencer o conservadorismo até nisso! Mais imbecil foi a proibição da gravadora EMI. Sagan também queria incluir Here Comes the Sun, dos Beatles. Embora os Beatles tenham concordado, a gravadora EMI não deu sua autorização e a música não entrou na coletânea de imagens, sons e músicas. Talvez quisessem que os marcianos pagassem algo...
A maioria das músicas é composta de canções folclóricas de diversos países. Há também música clássica, com obras de Bach, Beethoven, Stravinsky e Mozart, além de músicas pop como Johnny B. Goode, de Chuck Berry).

Quem fomos, onde estávamos, nossa música, sons da Terra... mas nudez não!

Carl Sagan dizia que somos poeira das estrelas... acho doido como algumas frases ganharam novo significado pra mim:

• Do pó vieste e ao pó voltarás.
• Aquela estrela é alguém que morreu.

Os antigos, mesmo sem saber, sabiam de tudo.

Um dia eu sei que verei os planetas de frente. Júpiter... Saturno... Netuno... loucura? Será?

Um dia...

Estarmos aqui após 13.800.000.000 de anos, extinções, eras glaciais e tudo mais, é algo muito mais louco. Quem diria?

Muitas coisas não podiam ser provadas... eram sentidas. Haviam palpites. Eu tenho esse palpite. Ou talvez seja só um sonho. Giordano Bruno sabia sem ter visto... intuição? Palpite? Revelação?

Certa vez eu estava no Petar (entre Apiaí e Iporanga) e vi uma rocha. Pensei que, na escala da evolução espiritual, primeiro o ser vem como ser humano, depois animal, depois vegetal e beeem depois uma rocha. Pra ficar lá em quieto. Sem ansiedade. Sem esperar nada. Só existindo.

Beijos e abraços,

Rafael.


#Devaneios 

(Não perca tempo... tem no Netflix!)

quinta-feira, 7 de maio de 2015

A constatação da baixíssima qualidade das novelas e outros pensamentos

Como escreveriam uma novela sem filho de um que foi criado (sem saber de nada) pelo outro, um amigo do passado que pode entregar segredos "sujos" de alguém que hoje venceu na vida, irmãos que gostam da mesma mulher, pobres felizes e ricos tristes e as mesmas fórmulas das últimas décadas? Ou sem personagens absurdamente caricatos e toscos como o último do Paulo Betti (cu-ru-zes!) ou essa vergonha alheia que é a atuação da Cláudia Raia?

Não por acaso a audiência despenca em queda livre. Os serviços de streaming como Netflix escancararam a pobreza dessas produções... sempre os mesmos atores, mesmas histórias, a mesma estética...

Imagino que existam milhares de atores que poderiam dar uma nova roupagem às produções nacionais.
Atores, roteiristas, diretores... mas somos escravos. Acredito que com a queda da Globo talvez haja uma luz no fim do túnel.

Imaginem se por acaso Vince Gilligan (criador de Breaking Bad) fosse brasileiro e apresentasse o projeto pra algum executivo daqui. Depois de muita luta aprovam o orçamento, mas pediriam alguns rostos conhecidos pra "ajudar na divulgação".

Quem seria o nosso Walter White? Antonio Fagundes?
Jesse Pinkman? Cauã Reymond? Bruno Gagliasso?
Skyler White? Grazi Massafera?
Hank? Leandro Hassum?

Nada contra esses atores em particular, mas tem tanta gente boa por aí. Esperando por uma chance.

Força pra todos os anônimos que estão na luta. E torço que nasça uma nova geração de executivos... sem essa visão tacanha.

Entretenimento é indústria. Merece novas visões. Novos protagonistas. Pra assim gerar talvez culto e receita. Penso o mesmo sobre bandas.

#Pensamentos

Talvez um dia haja algo pelo menos similar na nossa indústria...

segunda-feira, 4 de maio de 2015

Guru

Um homem todo atormentado viajou centenas de quilômetros pra encontrar um sábio guru.

Quando finalmente chegou viu a casa lá em cima no morro... o acesso à casa era por uma grande escadaria... ele subiu e quando passou pela porta todo esbaforido já foi direto ao assunto:

_ Bom dia sábio mestre! Como posso evitar problemas, evitar má interpretação das minhas palavras, não atrair gente aproveitadora que sempre rouba minhas ideias, me dar bem com desafetos, não sofrer mais com a inveja, ter mais paz com a minha família e um pouco de sossego na minha vida conturbada?

Com olhar piedoso, voz serena e baixa o guru respondeu:

_ Cale a boca.

Irado e com o rosto vermelho o homem respondeu sem pestanejar:

_ CALA A BOCA VOCÊ SEU GURU DE MERDA! Quem você pensa que é? Sabe quem eu sou? O quanto ganho por mês? Só porque você fica aí com essa roupa esquisita e nessa casa afastada você acha que é melhor que eu? Sabe quantos funcionários eu tenho? Bem que eu sabia que essa história de guru era palhaçada. Quer saber? VAI SE FUDER!

E saiu pisando duro e acelerando seu carro caríssimo.

Sem qualquer mudança na expressão do rosto ou alteração nos batimentos cardíacos o guru foi cuidar da sua horta.

Abriu um sorriso de canto de boca.

Talvez pelos seus lindos tomates ou pelo homem que não entendeu nada.


sábado, 2 de maio de 2015

Cuide da sua cagada e se alivie.

Estava no carro, atrasado pra reunião.

O calor infernal e o carro sem ar-condicionado... "meu próximo tem que ter" pensou.
Ao lado um carro com um funk ou rap no último volume... mesmo pensando nas planilhas e na apresentação ele pensou "que lixo!".
Lembrou do conhecido que viu na noite anterior traindo uma amiga. "Conto ou não conto? Depois ele nega, ela acredita nele e ainda sobra pra mim...".
Deu uma olhada no Facebook pelo celular: choradeira, brigas por política, mega apaixonados semanais e indiretas. "Tudo normal".
No rádio a notícia de mais uma morte pelo Estado Islâmico, professores paranaenses apanhando da polícia que tinha até pitbulls... desligou pra tentar se concentrar.
Pensou nas mazelas do país e do mundo... prometeu (falsamente, pela milésima vez) tomar uma atitude e se engajar de verdade.

Subitamente sentiu uma pontada. Uma cólica brutal. Não soube qual o motivo. A bebedeira da noite anterior? A janta? O pão com ovo? Suava frio e procurava um posto, bar ou comércio. A perna tremia.

Precisava de um banheiro.

Precisava cagar. Defecar. Escorregar o moreno. Botar tudo de ruim pra fora. Soltar um barro. Chapiscar o vaso. Fazer uma escultura. Fazer cocô.

Avistou um posto imundo. Desceu meio constrangido e foi direto pro banheiro. A porta estava fechada! Foi pegar a chave quase que se borrando. Abriu a porta e nem conseguiu ver se era limpo ou não. Normalmente colocava uns papéis na tampa do vaso pra forrar. Dessa vez não. Já foi sentando e soltando a massa fecal. Tudo com a trilha de uma sinfonia imunda de peidos no final que o trouxe aos poucos pra realidade.
Nojo pelo banheiro, riso pela situação e alívio. Alívio.

Se limpou com um papel que parecia uma lixa, mas nem ligou.
Estava aliviado.
Por um segundo nada mais importava. Cagou.

Moral da história: tem horas que não dá pra escapar de cuidarmos das nossas cagadas. (O duplo sentido não deve ser ignorado).
E dane-se o resto.

Alívio... não dá pra evitar pra sempre.