terça-feira, 12 de setembro de 2023

"Mais gols de c... é rôl...."

Tudo é marketing e os sheiks (antes os donos do PSG e agora os lá de Riade) têm que ter o retorno do seu investimento... dito isso me parece óbvio que Neymar ainda atrapalhará a seleção brasileira em mais um ciclo.

Mas essa polêmica sobre os gols é meio absurda... parabéns pelos gols e pela marca, mas não há sentido na exaltação disso.
Pelé tem 12 gols em Copas do Mundo, 9 assistências. 3 gols em finais. 3 títulos.
Ronaldo tem 15 gols Copas do Mundo, 3 assistências. 2 gols em uma final. 2 títulos.
Jairzinho marcou em TODOS os jogos da Copa de 1970.
Garrincha foi vital em 1962... (Copa que Pelé mal jogou.)

             Quando o que valia era futebol.
   Com os 2 em campo o Brasil nunca perdeu.


Enfim... claro que gol não tem peso, mas qual o peso desses gols?
Neymar 1 gol em um jogo de quartas-de-final e só.

Quartas de final com Neymar

2014: Brasil 2x1 Colômbia [0 gol - gols do Thiago Silva (chorão que amarelou na disputa de pênaltis contra o Chile nas oitavas e foi amarelado não disputando a fatídica semifinal) e David Luiz
2018: Brasil 1x2 Bélgica (0 gol - gol do Renato Augusto)
2022: Brasil 1 (2)x(4) 1 Croácia (1 gol)

Digo isso porque hoje em dia tudo é por alguns segundos em stories e postagens e lances plásticos que dão a impressão de que estamos diante de semideuses do esporte (na música também acontece isso, já chego lá)... jamais se vê o contexto inteiro.
Por isso fica essa celebração inócua. Coisa de agência de propaganda e empresas que querem vender seus astros.

Neymar pode marcar 100 gols que dificilmente terá a relevância de ícones do passado.
Talvez seu gol mais importante na seleção brasileira de futebol masculino tenha sido o anotado na final olímpica em 2016.
Por sinal o seu único título relevante com essa camisa.
Porque, queiram ou não, na conquista da Copa América de 2019 ele não estava (após aquele incidente lamentável em Paris) e também não estava na conquista do 2° ouro olímpico na Tokyo 2020 (onde tivemos aquele incidente ridículo na entrega da medalha de ouro... os milionários brasileiros sabotagem o patrocinador dos agasalhos e dos atletas e amarraram o agasalho na cintura pra honrarem o patrocinador da seleção... ridículo).

Enfim. Atualmente se fala em números, estatísticas, cifras e afins pra que se honre a ou b e se esqueça de c e d.

Exemplos:
O tal Drake supera um número a ou b e todos exaltam... como se isso fizesse dele alguma coisa perto dos Beatles ou do Michael Jackson.

Na EuroCopa 2020 Portugal caiu nas oitavas e, ainda assim, todos só falavam CR7, CR7, CR7.
Poucos sequer sabem quem fez a final.

Anitta, supostamente, chega em 1° lugar no Spotify com uma letra em espanhol e todos celebram "O Brasil em 1°".

A Argentina vence a Copa com um treinador competente, alguns jovens voando, Di Maria agudo na final, o goleiro fazendo milagre no último segundo e o mundo só pensa e fala em Messi, Messi, Messi.

São bizarrices que cansam quem pensa um pouco.

Números hiperinflados sobre celebridades a ou b, fortunas de sub-celebridades c e d, valores estratosféricos sobre o medíocre x ou y.

Tem que interessar se o cara joga e é (ou foi) decisivo.
Se o artista faz uma música decente (não no contexto de decência, no contexto de boa, de com um mínimo de substância).

O resto é idiotice e tolice pra alienar, achar que os ídolos do passado não são nada e pra nós empurrar influenciador a ou b.
São uns ridículos.

Há tempos que deixei de seguir vários.
Não há sentido, não há porquê. Não me importa pequenos enquetes ou sacadas de gente sem talento pra algo além de 30 segundos. Humor não é isso.

Aconselhamento também. Quem é essa gente na ordem do dia?

Um bando de pé-de-boi que sabe editar vídeo?

Passou da hora de nos libertarmos disso.
Bom, mas quem sou eu pra falar "nos libertarmos". Passou da hora de eu me libertar.

Não me interesso por quantos milhões o cara ganha por dia. (Não receberei um centavo.)
Por quantos gols fez em amistosos e contra seleções sofríveis. (Não soma nada.)
Qual o helicóptero do cidadão. (Sem comentário.)

Quero saber se posso numa época de Copa do Mundo, momento importante pro país, pro comércio, para as celebrações, posso ter um mínimo de alegria e orgulho de torcer...

Enfim. Quem sou eu poderão perguntar alguns.
Sou um Zé Cu. Mas sou um Zé. Tenho CPF. Sou cidadão da República.
No meu cérebro, por enquanto, mando.

Obrigado pela atenção.

Abraço.

(Me contrate pra tocar 🙏🏻)
11 982483056 

quarta-feira, 2 de agosto de 2023

Brasil está fora da Copa do Mundo Feminina

Após tantas comparações, non-sense, com a seleção brasileira de futebol masculino, a seleção brasileira de futebol feminino caiu já na primeira fase. Minha expectativas se confirmaram.
(Comparações irreais já que a própria CBF colocou uma camisa sem estrela e lançou até a campanha "Pela primeira estrela".)

                       Bem antes do jogo....


Não adianta discurso choroso da Marta ou a Pia falando em inglês. Acabou.

Vi muita gente tripudiando e muita gente defendendo só pra provocar.
A dicotomia rolando solta.

Se há alguma comparação a fazer é que pouquíssimas vezes a seleção masculina foi além quando houve badalação e altas expectativas. Em 1994 e 2002 o time saiu desacreditado e foi crescendo até o título.
A própria medalha de ouro inédita em 2016 não era esperada.

Com as moças, infelizmente, houve hype, provocação, expectativas exageradas (porque o 2° tempo que vi hoje, juntamente com os jogos da Rio-2016 foram horrendos) e tolices.

Já fomos prata e vice-campeãs mundiais. Quando quase ninguém dava a mínima. E agora isso.
Tem que renovar geral.

E antes de pensarmos em ponto facultativo e comparação de gols do feminino com o masculino, temos que vencer seleções frágeis e retranqueiras como a Jamaica.
Ou fica só esse burburinho eterno, só pela polarização, que não cativa o torcedor real.
Só alimenta o provocador e o revoltado.

Que pena.

(Cristiane Rozeira fez falta e foi justificada.)

#selecaobrasileirafeminina #selecaofeminina #copadomundofeminina #CopaFeminina #Pia #Marta #Cristiane #Debinha #CBF #Brasil #Jamaica #BrasilxJamaica #CristianeRozeira #CristianeJogadora

sábado, 29 de julho de 2023

Barbie, Mattel e a exploração da dicotomia

Não é a primeira e nem a última vez que farão um filme sobre um brinquedo ou jogo... tudo bem. Faz parte.
A indústria quer ganhar e quem quiser que pague e assista.
Em países livres, cada um por si.

Talvez a grande confusão e a razão dos conflitos estejam no uso do nome da boneca mais vendida da história... por exemplo: imaginemos que há uma história boa, mas muito boa mesmo, sobre um mundo de bonecas/os e alguns figurões de Hollywood decidem filmar... muito provavelmente nem seria necessário o uso da marca em questão ou de qualquer outra.

O filme aconteceria e, muito provavelmente, talvez até vendessem bonecos sobre o filme. (Como aconteceu em obras como Star Wars, onde a maior parte do lucro veio da venda de produtos relacionados com o filme... George Lucas, na época, acertou em ficar com esses direitos. Ninguém dava a mínima.)

Aí sim poderíamos levar em consideração argumentos como "É um filme para adultos", "empodera" e tantas outras frases que tentam validar a obra como além de algo infantilizador/oportunista/comercial.
Mas no contexto colocado me parece meio estranho...

Pelo que me lembro já vi matérias que constataram que é impossível ter um corpo como a da boneca... num mundo cheio de novos desafios e novas lutas por aceitação e afins, soa estranho a marca entrar com tanta potência no universo cinematográfico e com tanta gente defendendo (ou criticando) a obra.

O que, PRA MIM, parece óbvio que está sendo usado na divulgação é a exploração da dicotomia no mundo atual: esquerda X direita, conservadores X progressistas.

Do nada um monte de desocupados conservadores (como o tosco do Ratinho) estão descendo o pau no filme.
(Eles descem o pau em tudo.
Tem gente que acreditou em mamadeira de piroca... mas não questionam mansões compradas com dinheiro vivo, não questionam a intenção de colocar o filho como embaixador... enfim.)
Aí algum perfil gaiato (e ganhando) faz um print disso e do nada um monte de gente fica no frisson de assistir pra confrontar os conservadores... do nada têm o aval que precisavam pra justificar a ida ao cinema.
E já fica difícil tecer qualquer crítica à obra: afinal você instantaneamente viraria aliado dos conservadores.
(Assim como criticar o Dória, que era BolsoDória na eleição e um grandessíssimo traste desde sempre, te transformava em aliado da direitona...
E curtir a Globo, o Bonner e o BBB estava liberado. Afinal agora "estavam do nosso lado".
Falsa simetria e indignação seletiva na caruda.)

Estou vendo de fora e repito: não há qualquer juízo de valor da minha parte. Até porque não assisti.
Só acho estranho e interessante a maneira que as coisas se desenrolam nos dias atuais... assista, não assista. Vai fundo.

Mas não acredito que uma obra do cinemão de Hollywood com um produto bilionário da Mattel possa realmente estar fazendo crítica a isso ou aquilo.

Jamais saberemos exatamente, mas depois seria interessante ver como as vendas de bonecas se comportarão daqui pra frente.
Ver quais modelos serão lançados talvez baseados no filme. Não sei.

O doido é pensar que houve uma época em que se orgulhavam de ver as meninas brincando com tudo, menos com boneca.
Me lembrei da atriz Taís Araújo toda chateada porque a filha gostava de brincar de casinha e de boneca.
Palavras dela na época: "Foi ali que chegaram as primeiras bonecas, não sei quem deu, não me lembro, mas me lembro com perfeição quando ela, com um ano de idade, pegou uma boneca no colo e ninou. Fiquei muito espantada, mas sabia que ela estava reproduzindo o que fazíamos com ela, mas e as princesas? Pode ser influência das amiguinhas. E a cor rosa? E a predileção por saias e saias que rodem? E a paixão por panelinhas e fogão? E o ferro e a tábua de passar, minha gente?!".

E agora a boneca voltou com tudo ao consciente coletivo, pra gostosamente reinar (de novo) no inconsciente.

Há muito do inconsciente coletivo em tudo isso.
Vi a galera brincando de ser uma Barbie (usando rosa e tirando fotos como se estivessem numa caixa)... talvez toda mulher com certa condição já teve uma boneca dessa. É algo que transcende o meu entendimento...

Me lembro do filme G.I. Joe nos cinemas e nenhum tipo de marketing tão agressivo.
Talvez porque já tivemos o desenho animado dos Comandos em Ação... talvez porque não havia algo que mexesse com o subconsciente... não sei. E não imagino a galera indo ao cinema com farda... outros tempos, outros temas.

Se eu vou assistir ou não?
Quando estiver no Netflix posso até dar uma olhada.
Até lá só observarei o poder da indústria, do marketing e da exploração da dicotomia.

A coisa é tão complexa que o Governo de SP, do PR, do MA, o PC do B, o Senado Federal, a governadora do RN Fátima Bezerra e outras instituições e agremiações usaram o filme em suas postagens... tudo pra estar moda? Propaganda gratuita? Propaganda paga? Quem controla as assessorias e as agências de publicidade?
No fim nossas autoridades, estados e instituições estão curvadas ao sistemão e ao hype norte-americano de Hollywood.
(Por mais que a própria Academia finja pluralidade entregando um Oscar aqui e ali para filmes e diretores/as estrangeiros, o que manda é Hollywood...) 

             Nem o Governo de SP escapou

Lu Alckmin postou foto de rosa.
Depois a Janja e a ministra da saúde postaram foto com roupa cor de rosa...

De um lado os eternos verde-amarelos (sem a menor noção da origem dessas cores na bandeira, e sem o menor amor pelo país... tudo numa tentativa de sequestrar pra si as cores da pátria, sinalizando falsa virtude) e agora o rosa do outro... tudo num sistemão que se retroalimenta.

Perceba que o texto possui muitos "talvez".

E é só um devaneio.
Faça o que te der na telha e seja feliz.

Na dúvida fico com Orwell:
"...os inimigos imediatos da verdade, e portanto da liberdade de pensamento, são os barões da imprensa, os magnatas dos filmes e os burocratas,..."
(A prevenção contra a literatura, 1945/1946)

quinta-feira, 5 de janeiro de 2023

Pelé, tetra e penta campeões e a ALIENAÇÃO geral

                        
Existe sim a inveja de muitos dos jogadores que jamais foram uma nesga do que foi o Pelé.

Existe também a raiva dos muitos que foram criticados por ele.

Existe a soberba dos que ganharam seus milhões e não dão a mínima para nada e nem pra ninguém.
O futebol foi um trampolim para o dinheiro e fim.
"O que o mundo tem a ver com o que eu faço da minha vida?".

Eu poderia dar mais exemplos.

Mas essa história mostra algo que já rola há tempos nos nossos planos pessoais e essas situações provam que a coisa é global: a ALIENAÇÃO.
De alguma maneira muitas pessoas não dão a mínima pra nada. Creio que nem por maldade.

Na Sociologia, o conceito de alienação está intimamente relacionado aos processos de alheamento do indivíduo que surge por diversos motivos na vida social. Isso leva ao alijamento da sociedade como um todo.

O estado de alienação interfere na capacidade dos indivíduos sociais de agirem e pensarem por si próprios. Ou seja, eles não têm consciência do papel que desempenham nos processos sociais.

Do latim, a palavra “alienação” (alienare) significa “tornar alguém alheio a alguém”. Atualmente, o termo é utilizado em diferentes áreas (direito, economia, psicologia, antropologia, comunicação, etc.) e contextos.

Repetindo: "O estado de alienação interfere na capacidade dos indivíduos sociais de agirem e pensarem por si próprios. Ou seja, eles não têm consciência do papel que desempenham nos processos sociais."

Não há mais consciência dos processos sociais.
Apenas a ânsia de stalkear e/ou postar nas redes sociais.

Não é necessário visitar um bebê. Um like numa foto e está tudo certo.

Não é necessário justificar uma ausência ou uma "gelada" na cara dura em uma mensagem (algo que necessitaria de alguns míseros cliques pra responder). Uma postagem com uma homenagem fajuta e beleza.

Não é necessário uma ação social que acabe realmente com a fome ou o frio de alguém. Um compartilhamento sobre alguma campanha e já fiz a minha parte.

Pra que adotar um animal de rua? Compartilhar o post de um amigo já faz a vez.

Ser gentil, se preocupar minimamente, ter senso? Pra que!? Uso e abuso quando quero e é vida que segue.

E por aí vai.

Talvez tenhamos que buscar um contato maior com o real. Com a natureza. Com os nossos pais e/ou avós. Com gente necessitada.
Pra que assim possamos voltar a entender o que é o que.

Muita gente perdeu a referência e vê as pessoas meio que como nada.
O trabalho como uma passagem pra outra coisa.
A família como algo que apenas está ali.
E a vida passa.

(Só um adendo: em fevereiro de 2022, na final do Mundial do Palmeiras agora, eu estava num evento e do nada vi um cara perto de onde eu estava e ele falou que era palmeirense.
Meio que não estava nem aí para o jogo. E eu tocando e meio que ouvindo o jogo.
Daí eu ouvi algo como: "Tem que ganhar pra acabar com as piadas".

E continuou por ali tomando uma.

Algo bizarro. Um exemplo dessa alienação e dessa apatia atual.
Me lembro da zona que aprontamos em 1992, 1993 e 2005... não é algo que acontece sempre... mas estávamos vivos. Bem longe dessa apatia e dessa alienação atual.
Voltando...)

É a pessoa que vai pra um encontro e fica de olho no celular.

Muitos de nós somos os caras do tetra e do penta.
Meio que sem saber de onde viemos, o que somos e qual a nossa relação com a sociedade.

Longe de mim cagar regra... mas existem protocolos sociais sim. Mas precisamos entender, de novo, isso.
E atualmente explicar isso me parece uma tarefa hercúlea.

Há uma frase na música Not For You do Pearl Jam que diz o seguinte:
🎵 Não dá pra escapar das regras comuns
Se você odeia alguma coisa, não faça você também 🎶

Não dá pra dizer que esse processo de alienação vem apenas pela Internet, mais especificamente das redes sociais.
Sim. Elas têm um peso absurdo.
Mas por elas que estamos interagindo agora, nesse exato momento. Têm o seu valor.

A alienação pode ser fruto da fragilidade da vida explicitada pela pandemia, pode ser fruto de uma sociedade mais abastada (existem dificuldades, mas a vida hoje é bem mais fácil do que antes), pode ser pela falta de perspectiva como ser humano num mundo sem cultura e sem heróis que possam nos representar... não sei.

Mas precisamos de algo a mais pra acordarmos e vivermos de verdade.

Algo que faça com que você, como diz o nome do terceiro álbum do Oasis, ESTEJA AQUI AGORA.
Com que estejamos aqui agora.

Uma coisa é verdade: o povão estava lá.
O povo está em outra. E isso é bom.
Deixa um mínimo de alento.

Em muitos setores ainda há o senso. Ainda existe consideração. Existe um mínimo de gana.

Abraço e obrigado pela leitura.

Atenciosamente,

Rafael.

imagem: Melancolia (1891) de Edvard Munch
óleo sobre tela
Melancholy
norueguês: Melankoli