quinta-feira, 5 de janeiro de 2023

Pelé, tetra e penta campeões e a ALIENAÇÃO geral

                        
Existe sim a inveja de muitos dos jogadores que jamais foram uma nesga do que foi o Pelé.

Existe também a raiva dos muitos que foram criticados por ele.

Existe a soberba dos que ganharam seus milhões e não dão a mínima para nada e nem pra ninguém.
O futebol foi um trampolim para o dinheiro e fim.
"O que o mundo tem a ver com o que eu faço da minha vida?".

Eu poderia dar mais exemplos.

Mas essa história mostra algo que já rola há tempos nos nossos planos pessoais e essas situações provam que a coisa é global: a ALIENAÇÃO.
De alguma maneira muitas pessoas não dão a mínima pra nada. Creio que nem por maldade.

Na Sociologia, o conceito de alienação está intimamente relacionado aos processos de alheamento do indivíduo que surge por diversos motivos na vida social. Isso leva ao alijamento da sociedade como um todo.

O estado de alienação interfere na capacidade dos indivíduos sociais de agirem e pensarem por si próprios. Ou seja, eles não têm consciência do papel que desempenham nos processos sociais.

Do latim, a palavra “alienação” (alienare) significa “tornar alguém alheio a alguém”. Atualmente, o termo é utilizado em diferentes áreas (direito, economia, psicologia, antropologia, comunicação, etc.) e contextos.

Repetindo: "O estado de alienação interfere na capacidade dos indivíduos sociais de agirem e pensarem por si próprios. Ou seja, eles não têm consciência do papel que desempenham nos processos sociais."

Não há mais consciência dos processos sociais.
Apenas a ânsia de stalkear e/ou postar nas redes sociais.

Não é necessário visitar um bebê. Um like numa foto e está tudo certo.

Não é necessário justificar uma ausência ou uma "gelada" na cara dura em uma mensagem (algo que necessitaria de alguns míseros cliques pra responder). Uma postagem com uma homenagem fajuta e beleza.

Não é necessário uma ação social que acabe realmente com a fome ou o frio de alguém. Um compartilhamento sobre alguma campanha e já fiz a minha parte.

Pra que adotar um animal de rua? Compartilhar o post de um amigo já faz a vez.

Ser gentil, se preocupar minimamente, ter senso? Pra que!? Uso e abuso quando quero e é vida que segue.

E por aí vai.

Talvez tenhamos que buscar um contato maior com o real. Com a natureza. Com os nossos pais e/ou avós. Com gente necessitada.
Pra que assim possamos voltar a entender o que é o que.

Muita gente perdeu a referência e vê as pessoas meio que como nada.
O trabalho como uma passagem pra outra coisa.
A família como algo que apenas está ali.
E a vida passa.

(Só um adendo: em fevereiro de 2022, na final do Mundial do Palmeiras agora, eu estava num evento e do nada vi um cara perto de onde eu estava e ele falou que era palmeirense.
Meio que não estava nem aí para o jogo. E eu tocando e meio que ouvindo o jogo.
Daí eu ouvi algo como: "Tem que ganhar pra acabar com as piadas".

E continuou por ali tomando uma.

Algo bizarro. Um exemplo dessa alienação e dessa apatia atual.
Me lembro da zona que aprontamos em 1992, 1993 e 2005... não é algo que acontece sempre... mas estávamos vivos. Bem longe dessa apatia e dessa alienação atual.
Voltando...)

É a pessoa que vai pra um encontro e fica de olho no celular.

Muitos de nós somos os caras do tetra e do penta.
Meio que sem saber de onde viemos, o que somos e qual a nossa relação com a sociedade.

Longe de mim cagar regra... mas existem protocolos sociais sim. Mas precisamos entender, de novo, isso.
E atualmente explicar isso me parece uma tarefa hercúlea.

Há uma frase na música Not For You do Pearl Jam que diz o seguinte:
🎵 Não dá pra escapar das regras comuns
Se você odeia alguma coisa, não faça você também 🎶

Não dá pra dizer que esse processo de alienação vem apenas pela Internet, mais especificamente das redes sociais.
Sim. Elas têm um peso absurdo.
Mas por elas que estamos interagindo agora, nesse exato momento. Têm o seu valor.

A alienação pode ser fruto da fragilidade da vida explicitada pela pandemia, pode ser fruto de uma sociedade mais abastada (existem dificuldades, mas a vida hoje é bem mais fácil do que antes), pode ser pela falta de perspectiva como ser humano num mundo sem cultura e sem heróis que possam nos representar... não sei.

Mas precisamos de algo a mais pra acordarmos e vivermos de verdade.

Algo que faça com que você, como diz o nome do terceiro álbum do Oasis, ESTEJA AQUI AGORA.
Com que estejamos aqui agora.

Uma coisa é verdade: o povão estava lá.
O povo está em outra. E isso é bom.
Deixa um mínimo de alento.

Em muitos setores ainda há o senso. Ainda existe consideração. Existe um mínimo de gana.

Abraço e obrigado pela leitura.

Atenciosamente,

Rafael.

imagem: Melancolia (1891) de Edvard Munch
óleo sobre tela
Melancholy
norueguês: Melankoli




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