quarta-feira, 25 de novembro de 2015

Sobre artistas e ladrões

Um velho artista usou todo o seu talento e experiência e criou um belo quadro.

O dono da galeria deixou exposto e cobrou pelas entradas pra que vissem a bela obra. E dava a uma pequena parte ao artista.
   
Mas um belo dia ele achou melhor roubar o quadro de uma vez. Afinal (na cabeça dele) o artista estava ganhando muito.

Mas não podia dar na cara. Armou uma arapuca e contratou um ladrão pra fazer o serviço. Após o roubo, acionou a seguradora e recebeu o valor pela obra. Deu uma pequena parte ao artista. Afinal, segundo ele, ele pagava impostos, funcionários, aluguel, energia e outros muitas coisas. E haviam outros quadros. Outros que nem eram artistas mas poderiam pintar algo parecido. 
"Nossa, mas ele nem citou o quadro e a importância dele na galeria", pensou o artista.

E o dono seguiu com o quadro pendurado na parede de um quarto subsolo da sua casa.

O artista ficou triste. Pois sabia que havia algo de errado com aquilo tudo. Mas pensou que, como sempre, logo pintaria novos quadros. Tinha saúde. Tinha vontade. Tinha talento. E tinha amor.

Ao dono da galeria sobrava a inveja, a trapaça, quadros roubados, uma vida fútil e infelicidade. Nada a mais e nada a menos do que ele merece.

No isolamento da sua mansão o dono da galeria choramingava, questionava e barganhava com Deus. 

Mas Deus nem ouvia. Estava ocupando curando os corações e inspirando muitos artistas.


(Rafael Corrêa Amorim)