quinta-feira, 29 de abril de 2021

DEFLORAÇÃO ON-LINE

 

CADA UM POR SI. Respeito as liberdades individuais. Por isso também me sinto no direito de fazer algumas observações.

Ontem no Twitter vi uma prostituta (com milhões de seguidores) anunciando que ia tirar a virgindade de um mocinho. 

O assunto estava em primeiro lugar durante a madrugada. (Entrei porque vi o nome que era o mesmo de uma grande marca. Imaginei qual o porquê de tal marca estar em primeiro naquela hora? E deu nisso.)

Pelo que eu entendi com as falas dela, o pai levaria o filho pra ter a sua primeira noite.

O Twitter em polvorosa. “A fulana vai acabar com ele”. “Essa eu quero ver” e outras bobagens.

Sociedade do Espetáculo

E assim aconteceu. 

Chegou um homem (não dava pra ver as cabeças) com jaqueta de aviador com um moleque magrelo com camiseta do Black Sabbath e ela até brincou “Você é roqueiro?” e o homem foi embora.

Ela já estava com trajes mínimos cheios de transparência. Tipo uma colegial.

Enfim. 

Tudo transmitido ao vivo. Vendo rapidamente o tal perfil vi carros importados, hotéis de luxo e tudo que envolve uma vida assim ou das tais “sugar babies”.

O tal garoto deu um maço cheio de notas de R$100,00 pra ela e daí vi uma fala dela sem o garoto ver (mas que verá depois) “O pai é muito gostoso. Mas nem me olhou. E olhem como eu estou.”

(Quem sabe o pai não volta? Tem maluco pra tudo. Pra se comparar com o filho. Ou até já transou com ela. Vai saber.)

Enfim. O último vídeo era do rapaz massageando os pés dela numa banheira. E ela escreveu algo como “ele é bonzinho”; e antes ela havia dito que ele nem tem Instagram e que não gosta das redes.

E foi isso.

Vendo isso minha mente começou a trabalhar, a ligar alguns pontos e a fazer alguns questionamentos...

 

Primeiramente posso dizer que entendi o sucesso de artistas como uma tal de Cardi B que tem uma das letras mais baixas que eu já vi e ainda assim ganhou o título de personalidade do ano por causa do empoderamento e muito blá blá blá.

Trechos de uma “letra”.

“...Se ele tem dinheiro, então é ele quem eu quero

Buceta sem limites igual o cartão dele... 

...Eu cuspi no microfone dele e agora ele está querendo assinar um contrato comigo...

Tem umas vadias nesta casa”

 

Quando li não entendi como faz sucesso e tudo mais... mas não tenho idade pra entender o que está acontecendo com a indústria do entretenimento (digo entretenimento porque nem considero isso música... isso e muitas outras coisas com batida eletrônica, vozes distorcidas e clima soturno).

Do nada vemos uma Anitta ter ibope por um vídeo onde exibe uma bunda com celulite de um corpo que obviamente não é o seu.

“Tenho o corpo perfeito (para os padrões), mas vendo (de vender) que tudo bem ser como cada um é e a galera me aclama sem sequer questionar se o corpo é meu ou não.”

A Cardi B meio que fala de prostituição e todos acham sensacionais por causa que ela faz o que ela quer. Legal.

Dezenas (ou centenas) de milhares de moças vivem de pequenos serviços sexuais mas não como prostitutas, como “sugar baby”. O que nada mais é do que uma maneira suave de definir prostituta.

Puta de um cara só ou de alguns. Mas puta.

Isso (talvez inspirado por ver centenas de “influencers” milionárias) leva à pergunta: qual a influência dessa glamourização exacerbada da vida de prostituição, sugar baby ou piriguete que vive atrás de lancha e “champa”?

Qual é o impacto cultural e social disso?

 

Quantas meninas desejarão seguir esse caminho porque acham tudo muito lindo pelo que é passado por essa gente?

(VOU DEIXAR CLARO AQUI DE NOVO: CADA UM COM A SUA VIDA. SEJA FELIZ.

E EU SIGO DIVAGANDO. TENHO ESSE DIREITO.)

Falarei um pouco mais sobre a moça, mas nem é o ponto principal nesse texto.

 

Sei lá. Antes ouvíamos as histórias das moças que se prostituíam pra pagar a faculdade. 

Hoje vejo isso tomando proporções descabidas.

Já vi o que isso faz. 

Vi uma jovem com bons ideais políticos e mente forte ceder ao luxo e à futilidade.

Hoje, ao que tudo indica, é acompanhante de luxo.

Vi outra que tinha asco desse mundo.

Aos poucos foi cedendo e hoje também vive pra isso.

Virou uma pessoa meio que amarga.

Apesar das fotos felizes e sensuais em lugares paradisíacos.

(Tudo isso tem relação com o fato de dono de puteiro famoso brigar e muito contra o crescimento cultural e econômico do país.

Menos educação, mais renda concentrada, menos oportunidades, mais moças dispostas a se prostituir.)

Enfim. 


Dá pra viver assim e ser feliz? Talvez. Não sei.

Podemos ser felizes em inúmeras situações. 

Tudo depende da bússola que nos guia e do que temos no íntimo.

O corpo (E O DINHEIRO), mais do que nunca, é absurdamente valorizado na sociedade atual. (Por mais que finjam que não)

Ao se declararem empoderadas, tiram a roupa pra mostrar que podem. Muitas vezes com corpos fora do padrão, na imensa maioria com corpos esculturais que geram likes e uma receita financeira que beira o irreal. 

A cantora Pitty causou frisson na internet ao postar uma foto nua. Com corpo sensacional (para o velhos padrões que ainda é o padrão... por mais que finjam que não. Amam ver uma dançarina com obesidade quase mórbida mas se masturbam mesmo, homens e mulheres, com a bunda da cantora Pitty ou da Iza).

Talvez ganhe mais com o Instagram, patrocínios e convites pra apresentar programas de TV, do que fazendo música.

Ela é livre. Que lucre.

 

Ninguém merece ser só mais um bonitinho!?


(Antes havia a Playboy. A VIP.

Sempre houve a nudez, sempre houve a prostituição. 

Mas agora tudo é meio embaralhado, meio que mascarado. Playboy era feio, gerava negociações infinitas com a personalidade a ser clicada... hoje há a foto da nudez porque ela pode... sim. Pode e ganha muito. Assim como as modelos da Playboy.)

 

Fiquei meio chocado ao ver a quantidade de pessoas apoiando a profissional que defloraria o rapaz.

 

Virou circo.

 

Claro que ela pode viver bem e fazer o que bem entender. Talvez seja melhor assim do que ser uma prostituta explorada num bordel do interior.

Está no inferno, abrace o diabo.

 

Antes tivemos a Bruna Surfistinha... com seu blog onde dava notas e comentava. Talvez se houvesse a tecnologia também faria as coisas meio ao vivo. Vai saber? 

O final foi lastimável. (Se bem que depois faturou com o livro e filme... mas nada apagará as desgraças nas profundezas da mente... sem contar o racha familiar... se acha que ela tem esse direito, eu te respeito. Porém pense se você acharia normal sua filha ter vivido a vida dela. Cuidado com a compreensão da vida alheia.)

 

Não podemos ignorar que o inconsciente coletivo se constrói aos poucos.

A CIA bancava filmes e obras artísticas. Nada é por acaso. 

 

Falando do que realmente me chamou atenção nessa situação toda: o garoto. 

O menino levado pra virar um homem de verdade. Um macho.

 

Repito: nada mudou na sociedade. 

Vivemos um momento de leve abertura e com isso veio uma avalanche de hipocrisia que começa a ser desmascarada com vídeos como esse.

 

Nunca gostei de puteiro. Nunca mesmo. Acho degradante. Clima imundo.

Sempre vi como bizarra a obrigação dos meninos de transar a qualquer custo. Isso criou uma geração de ansiosos, de perturbados.

 

A vida inteira perguntam o porquê do homem ser um lixo e jamais pensaram nas obrigações que cobram dos rapazes.

“Tem que ganhar dinheiro.”

“Tem que arrancar cabaço.”

“Não comeu, outro vai comer.”

“Tem pau pequeno.”

E por aí vai.

 

Do nada estamos voltando a sei lá qual época.

 

Acho a sexualidade uma coisa muito importante pra ser bestializada dessa maneira com o pai levando o filho pra um espetáculo bisonho.

 

Talvez o moleque tenha gozado várias vezes. A primeira com poucas “bombadas” (como todo adolescente).

Talvez tenha ficado tenso e nem tenha transado.

Talvez seja gay e combinou com a prostituta pra que ela conte uma mentira. Vai saber?

 

Muitos poderão dizer “Eu queria que meu pai me levasse na zona”. Beleza. É a sua visão.

 

O que vejo é um adolescente tímido sendo forçado a algo. Não romantizo essas coisas.

 

(Se o Rodolfo dos “Raimundos” cantava 🎵🎵🎵Foi num puteiro em João Pessoa, descobri que a vida é boa, foi minha primeira vez🎵🎵🎵, ELE falou de um situação que TALVEZ ele viveu. 

Com os primos fazendo a vez do tal pai.

 

Mas normal ele nunca foi. Ficou claro pelos muitos excessos, pelo rompimento com a banda e com a busca quase que desesperada por uma vida religiosa. 

Quase que uma busca por uma dignidade perdida.)

 

Voltando ao tal garoto.

 

Talvez cresça entendendo que sexo se compra. 

Que mulher tem um preço.

Que se quiser “novinha” no camarote e na lancha tem que trabalhar/explorar muito. Como o pai.

Que tem mulher pra casar e mulher pra transar.

 

E daí volta o ciclo do macho provedor, da mulher bibelô e da família fake dos anos 60.

 

Com a diferença de que agora não só ganhar dinheiro, pra ser esse macho que despreza as mulheres, é valorizado. 

Ser a prostituta, de luxo, também é.

 

Sei lá. 

Antes eu via as pessoas admirando artistas e personalidades que inspiravam coisas mais excelentes.

Que faziam você questionar as coisas.

Que te davam força pra você não se conformar. 

 

Hoje vejo um sistema bem azeitado pra voltarmos a sermos o que éramos. 

Mas de uma maneira muito pior. Glamourizando prostituição e pai que leva o filho pra “meter”. 

 

Bruce Dickinson questionava esse mundo de ostentação na faixa-título do seu primeiro álbum solo: 

 

🎵🎵🎵Meninos tatuados com brinquedos caros

Vivendo em uma bolha de pecado

Dinheiro pode comprar quase qualquer coisa...

 

...Guarda-costas, estrelas pornô, cartões de crédito dourados

Um usando o outro. Correndo pela capa.

 

Você e todas as suas companhias

Para mim você são todos iguais

Você e todas as suas companhias

Jogando jogos tolos

 

Eu não quero sua grande cidade brilhando

Eu não quero o seu “lado positivo da coisa”

Eu não quero ser um milionário tatuado 🎶🎶🎶

(Tattooed Millionaire / 1990)

 

A imposição de músicas (talvez o sertanejo ostentação e o funk por aqui e o RAP e POP ostentação fora, com bundas imensas e artificiais) onde só se cultua sexo, dinheiro, camarotes, carros e afins, abriu o caminho pra tudo que vemos hoje com relativa naturalidade.

 

Quando vejo jovens ouvindo músicas com mais do que isso, pensando em algo além de ostentação, sonhando com um futuro melhor e vivendo sua sexualidade de maneira sadia (nota: não há nenhum puritanismo aqui. Apenas não vou relativizar pagar pra ter sexo como algo sadio. PONTO.) penso que ainda temos esperança.

 

Afinal não posso acreditar que tanta luta tenha sido apenas pra que uma mulher tenha o direito de exercer sua prostituição e ostentação com deboche nas redes sociais.

 

E que garotos ainda sejam tratados assim no tocantes às suas virgindades. 

 

Um dia pesquisarão o impacto dessas bobagens em toda a cultura do estupro, do machismo, do ódio aos pais e às mulheres. 

Ou não. Porque aparentemente tudo que querem é manter o sistemão.

 

Uma nota: recentemente houve uma mini-polêmica entre o baixista do Black Sabbath e a tal Cardi B porque ele falou sobre a letra dela que citei.

A galera não quis nem saber: ACABOU com o cara. Chamaram de velhote. De ultrapassado. De sem sucesso.

 

Bom, ele era da banda que escreveu “War Pigs”.

 

Ao ver o garoto lá com a camisa do Black Sabbath e a prostituta celebrada e festejada, pensei que naquele momento a Cardi B venceu. Pelo menos por hora.

 

Podem me chamar de nostálgico, dinossauro, recalcado, MAS NÃO É POR ACASO QUE O ROCK E ARTE FORAM TÃO DESIDRATADOS NOS ÚLTIMOS TEMPOS.

 

(Talvez não por acaso ele estava com a camiseta do “Heaven and Hell”... o primeiro com o Dio. Nesse álbum temos “Lady Evil”: DAMA DO MAL.)

 

Acaso!?

Cabe a ele escolher... heaven or hell.

Haverá uma vida. 

Tudo pode ser reaprendido. Podemos evoluir.

 

Jovens, pais, sociedade.

 

A única coisa que fica na minha cabeça é a música que abre o “Pet Your Friends” do Dishwalla (que não por acaso não obteve um sucesso estrondoso... porem J.R.Richards aparenta ter uma vida bem pacata e feliz com sua esposa...):

 

🎵🎵🎵Tudo sobre o mundo é sexo

E é uma mensagem da cultura popular

Dizendo a todos os nossos filhos como fazer certo

E por toda a inocência deles você pode se perguntar por quê?

Por que a necessidade?

Por que a necessidade de erotizar nossos crianças?

 

Oh nossos lindos bebês

Como eles estão prontos

Oh nossos lindos bebês

Oh como eles não estão prontos

 

Descendo a rua, bela

Existe tensão, para uma criança popular

E não fica muito pior do que isso

Em pequenas camas em quartos pequenos

São as coisas perdidas, são as colheres de prata

Por que a necessidade?

Você não consegue ver todo o dano que isso está causando?

 

Oh nossos lindos bebês

Oh como eles estão prontos

Oh nossos lindos bebês

Oh como eles não estão prontos

 

E te incomoda vê-la embrulhada?

Por que a necessidade?

E por que a necessidade de erotizar nossos filhos?

Oh nossos lindos bebês” 🎵🎵🎵

(Pretty Babies)

 

J.R.Richards e seus antigos companheiros viam lá em 1995 o que hoje está escancarado e defendido por grande parte da sociedade.

 

Esse texto possui inúmeros “talvez” porque nada sei. Apenas penso e faço paralelos e concatenações da minha parca visão de mundo.

 

Jamais ousaria dizer a alguém como viver. Jamais.

 

CADA UM POR SI. Respeito as liberdades individuais. Por isso também me senti no direito de fazer algumas observações.

 

Abraço e que Deus nos abençoe... saúde e paz.

 

Rafael.

 

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